O que parecia ser uma brincadeira de mau
gosto tornou-se parte de um quebra-cabeça macabro que tem mobilizado a
Polícia Civil paulistana.
Desde o dia 20 do mês passado, quando um
crânio foi encontrado em uma jardineira próxima ao edifício Copan, no
centro da cidade, outros sete com as mesmas características foram
achados em diversos pontos de São Paulo, no que parece ser um caso de
bruxaria.
Desde então, outros crânios foram
abandonados. E com um mesmo padrão. Todos estavam envoltos em papel de
presente vermelho e foram colocados próximos a consulados (Rússia,
República Tcheca e África do Sul) e em frente a igrejas mórmo
Investigações
Para o delegado do 34º DP (Vila Sônia),
Paul Henry Bozon Verduraz, um dos responsáveis pelas investigações,
trata-se de um único caso.
Gravações de câmeras de segurança
obtidas pela polícia mostram uma mulher aparentando ter entre 30 e 40
anos, sempre trajando saia até a canela, depositando alguns dos crânios
encontrados.
“Parece um trabalho espiritual. A nossa
investigação já está adiantada e as formas que foram deixados os crânios
e os locais, próximos a sedes de consulados de outros países e a
igrejas indicam que pode se tratar de um trabalho para dar poder a
alguém (que teria encomendado a feitiçaria)”, afirma.
Apesar de ainda aguardar o resultado dos
exames periciais, o delegado do 3º DP (Santa Ifigênia), Antônio Carlos
Tucumantel, que também investiga os casos, disse que todos os crânios
são antigos.
“Não é coisa recente. Têm traços de terra e provavelmente foram retirados de cemitérios”, afirmou.
Os delegados, porém, não forneceram
outros detalhes da investigação, nem quiseram dar informações sobre
quais seriam os possíveis cultos envolvido nas ações.
‘Bruxaria’ europeia
O professor aposentado da USP Reginaldo
Prandi, especializado em sociologia da religião, disse acreditar que o
“trabalho” – que dispensou velas, alimentos, animais mortos e outros
elementos típicos de cultos de origem africanas – possa ter ligação com
bruxaria de origem europeia.
“No Brasil, as religiões afrodescendentes jamais fariam algo relacionado a consulados”, comentou.
De acordo com o professor, não é comum o uso de restos mortais humanos nas religiões afro-brasileiras.
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