A sentença de Misael Bispo pode sair hoje
Cinco mulheres e dois homens devem decidir nesta quinta-feira (14) se Mizael Bispo de Souza é culpado ou inocente da acusação de assassinar Mércia Nakashima,
há três anos em Nazaré Paulista, interior de São Paulo. Elas são uma
estudante universitária, duas professoras, uma analista financeira e uma
funcionária pública. Eles são um ajudante geral e um instalador de
som. As idades dos sete jurados giram em torno de 18 anos a cerca de 40
anos de idade. As informações foram apuradas pelo G1 no Fórum de Guarulhos, onde desde segunda-feira (11) ocorre o julgamento do advogado e policial militar.
A maioria dos votos dos jurados vai determinar se o réu continuará
preso ou se será solto no júri popular. Ele é acusado de matar a
advogada em 23 de maio de 2010, por que ela não queria mais reatar o
namoro com ele. O carro e o corpo da ex-namorada foram encontrados nos
dias 10 e 11 de junho, numa represa da cidade vizinha. Ela levou dois
tiros, mas morreu afogada dentro do veículo após ter desmaiado. O
automóvel tinha sido empurrado para dentro d'água, onde ficou submerso.o seu interrogatório, nesta quarta-feira (13), terceiro dia do
julgamento, Mizael negou o crime em sua defesa diante do juiz Leandro
Jorge Bittencourt Cano. O Ministério Público refuta a presunção de
inocência do réu. A acusação sustenta que ele teve ainda a ajuda do
vigia Evandro Bezerra Silva para fugir da represa. Na audiência de
instrução, o vigilante, que só será julgado em 29 de julho, confirmou
ter ido buscar o ex-namorado de Mércia em Nazaré Paulista. Apesar disso, o suposto comparsa negou ter participado do homicídio, porque não sabia do plano de Mizael para matar a vítima.
Além da confirmação de Evandro de que foi pegar Mizael na represa,
outras provas da promotoria para tentar convencer os jurados que o
acusado esteve na cena do crime são laudos da perícia da Polícia
Técnico-Científica: o cruzamento do rastreador do carro dele com as
ligações feitas para seus telefones celulares; e a alga encontrada em
seu sapato (que é compatível com a encontrada na represa).
“As provas são consistentes e colocam Mizael como o assassino de
Mércia”, afirmou o promotor Rodrigo Merli Antunes, que indicou cinco
testemunhas para o júri popular. Todas falaram. O principal depoimento
foi do delegado Antonio de OIim, que investigou o caso e incriminou
Mizael e Evandro.
Os advogados de Mizael contestam as provas do MP. Desde o início dos
trabalhos no plenário, Ivon Ribeiro, Samir Haddad Júnior e Wagner Garcia
tentaram desqualificar os resultados dos exames apresentados pela
acusação. Para isso, confrontaram divergências técnicas nos laudos,
sugerindo que eles tiveram falhas e são inconclusivos.
Nesta manhã, ocorrerão os debates entre acusação e defesa. Após essa
etapa, os jurados devem se reunir numa sala secreta onde responderão
perguntas feitas pelo juiz. Uma delas deverá ser se Mizael matou Mércia.
As respostas serão contabilizadas e partir delas, o juiz dará a
sentença.
Terceiro dia
O advogado e policial reformado Mizael Bispo de Souza afirmou nesta
quarta-feira que não matou Mércia Nakashima. "Eu não matei ninguém",
disse. "Não devo nada, não temerei", completou. Ele falou por quase duas
horas no terceiro dia de seu julgamento, iniciado na segunda-feira, e
respondeu a perguntas da defesa, do juiz e dos jurados.
O advogado Ivon Ribeiro, um dos três defensores de Mizael, considerou
positiva as dezenas perguntas as dezenas de perguntas feitas pelos
jurados ao réu. “As perguntas foram supridas todas”, disse. “Não
deixaram margem para dúvida”, acrescentou. Questionado sobre como o seu
cliente está, ele afirmou que Mizael está tranquilo, mas pediu para que
ele orasse para o dia difícil que será esta quinta-feira, quando está
prevista para sair a sentença.
O promotor Rodrigo Merli, por sua vez, também considerou positiva a
quantidade de perguntas, o que demonstra um conselho de sentença
comprometido. O representante do Ministério Público disse que optou por
não questionar o réu “por estratégia” e disse que a defesa “não soube
conduzir o interrogatório”. “Não abordou questões técnicas objetivas.
Nossa prova maior está na perícia e nas antenas de celular. Se todos bem
perceberam, nada sobre esse assunto foi dito ou justificado pelo senhor
Mizael”, afirmou.
Merli acrescentou que, durante os debates entre acusação e defesa, irá
derrubar a imagem de bom-moço que, segundo ele, Mizael tentou passar no
interrogatório. “Amanhã vamos demonstrar que o cidadão que está sendo
julgado não é o Mizael dessa semana, de março de 2013, mas o Mizael de
23 maio de 2010.”
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